Marcelo Menezes Reis
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Além dos assuntos relacionados à aplicação e ensino de Estatística tenho interesses em diversas outras áreas. As principais são destacadas a seguir. Se você também tem interesse nestes assuntos envie-me um mail (marcelo@inf.ufsc.br) para que possamos trocar idéias. As opiniões aqui descritas são estritamente pessoais, e estou aberto a qualquer comentário ou "admoestação" se for provado que são incorretas.
Interesso-me por todos os assuntos referentes à História, mas tenho especial predileção pelos fatos e personagens a partir do século XVIII. Tentar entender por que o mundo, e o Brasil, são como são, a evolução que nos trouxe até a atual conjuntura, e a partir disso tentar "prever" o futuro.
"Quem esquece a sua história está condenado a vivê-la novamente".
Um caso interessante: o que o Barão do Rio Branco, a arrogância britânica e dois navios alemães têm a haver com a Revolução Russa e todo o caos que imperou e impera no Oriente Médio? Clique AQUI para descobrir.
Estima-se que as reservas mundiais de petróleo durarão apenas mais 70 anos... Praticamente toda a nossa "civilização" está baseada em combustíveis fósseis não renováveis! Além do risco de esgotamento das reservas há o impacto ambiental que o uso continuado desses combustíveis (e de suas aplicações) causam, e que não podem mais ser ignorados.
Parece lógico que temos que migrar para um modelo energético que utilize fontes alternativas de energia, renováveis e que não causem danos ambientais. Há várias opções disponíveis: solar, eólica, biogás, etc. Quais são seus pontos fortes e fracos? E a viabilidade econômica?
Vamos revisar alguns destes tipos de energia.
Energia eólica
A energia eólica consiste em aproveitar a força do vento para impulsionar hélices ("cataventos") que estariam conectados a um gerador elétrico (tal como uma turbina hidráulica em uma usina hidrelétrica) que por sua vez alimentaria uma carga. Devido à imprevisibilidade do vento o gerador produz corrente contínua que alimenta baterias, de onde por sua vez a energia será distribuída.
Este tipo de energia esbarra em um problema comum a muitas das energias alternativas: depende dos "caprichos" da natureza (existência ou não de vento, intensidade do vento, etc), o que torna a sua utilização restrita a locais específicos em que os ventos são constantes (e apresentam intensidade suficiente para gerar energia aproveitável).
Fusão nuclear
Os defensores da fusão nuclear declararam em 1950 que em 20 anos reatores a fusão nuclear estariam disponíveis... Repetiram estas afirmações em 1960 e 1970 e continuarão repetindo... Na realidade, a fusão nuclear foi controlada por algumas horas pelo físico russo Pyotr Kapitsa em 1974, já a fusão nuclear descontrolada materializa-se nas várias bombas de hidrogênio que já foram detonadas na Terra, e na atividade do Sol. Esta fusão nuclear é a fusão nuclear "a quente", exigindo altíssimas temperaturas e pressões para que os núcleos dos átomos de hidrogênio se fundam formando hélio e, incidentalmente, uma quantidade colossal de energia. O problema consiste em causar e controlar esta fusão, em suma DOMESTICAR UMA ESTRELA...
Em 1989 dois cientistas americanos chamados Pons e Fleischmann declararam ter descoberto a fusão nuclear "a frio" muito mais fácil de se implementar e controlar. A comunidade científica mundial agitou-se e muitos tentaram replicar o experimento dos dois cientistas. Infelizmente os outros cientistas não obtiveram os mesmos resultados que Pons e Fleischmann, de modo que provavelmente eles cometeram algum erro sério... E suas carreiras científicas sofreram muito com isso...
A pesquisa nuclear continua e drena preciosos recursos que talvez estivessem melhor empregados em outras áreas.
É interessante lembrar que a fissão nuclear (que consiste em aproveitar a energia resultante da quebra do núcleo de um átomo pesado), que já é controlada há 40 anos, já proporcionou à humanidade experiências muito tristes como Hiroshima, Nagasáqui, Three Mile Island e Chernobyl... E proporcionará às gerações futuras toneladas de lixo radioativo.
Energia solar
A princípio parece ser a melhor alternativa, principalmente para um país como o Brasil. Consiste em aproveitar a energia solar incidente em uma célula fotovoltaica que converte luz em eletricidade (em corrente contínua). Aumentando o número de células é possível aumentar a potência gerada e assim, teoricamente, alimentar qualquer carga. As células fotovoltaicas possuem uma eficiência de, no máximo, 20 ou 30% (convertem em eletricidade apenas 20 ou 30% da luz incidente), o que é bem inferior à eficiência de um gerador de uma usina hidrelétrica (da ordem de 97%). Contudo, não há partes móveis na célula fotovoltaica, e assim a sua manutenção pode ser mais simples. O custo de produção destas células, que sempre foi um ponto crucial para sua utilização, vem decaindo nos últimos anos. Algumas estações de telecomunicação situadas em áreas remotas do nordeste brasileiro já operam exclusivamente à energia solar.
Por mais ensolarado que seja um local, durante algumas horas por dia NÃO HÁ LUZ SOLAR: justamente nestas horas é que a luz artificial é mais necessária. Nos países do hemisfério norte acrescenta-se o problema de que o inverno rigoroso exige mais energia (para aquecimento principalmente), e os invernos costumam ser nublados (...), reduzindo a eficiência das células fotovoltaicas, quando sua energia é mais necessária... Mesmo utilizando um sistema de baterias, ou trazendo energia de áreas "ensolaradas" distantes, a ausência de luz solar à noite é um severo fator limitante à generalização do uso da energia solar.
Onde a luz solar está SEMPRE (ou quase sempre) presente? Em nenhum local da Terra, mas no espaço: um satélite colocado em órbita geostacionária (36000 km de altitude) é banhado pela luz do sol durante 99% do ano. Em 1964 o cientista americano Peter Glaser teve a idéia do "Solar Power Satellite-SPS" (Satélite para geração de energia): o satélite seria um imenso conjunto de células fotovoltaicas unidas, e este conjunto seria colocado em órbita geostacionária. A energia solar seria convertida em energia elétrica (em corrente contínua), e enviada para a terra por microondas que seriam novamente convertidas em energia elétrica e distribuídas pelo sistema elétrico convencional, tal como a energia produzida por uma usina hidrelétrica. Um satélite desse tipo poderia gerar até 5000 MW de energia elétrica (o equivalente a uma grande hidrelétrica) sem poluir a atmosfera, inundar florestas ou queimar combustíveis. Durante a década de 70 o governo dos EUA fez estudos sérios para implementar tal satélite mas o lobby da indústria nuclear (auxiliado pleo Pentágono) cuidou de engavetar o projeto. Contudo, o Japão está desenvolvendo um programa próprio, e pretende lançar um primeiro satélite para testes já no ano 2000...
O principal argumento usado pelo governo dos EUA para cancelar o SPS foi a opinião de cientistas que afirmavam que o custo do sistema era elevado demais frente aos benefícios. É no mínimo irônico que cientistas façam esta declaração, uma vez que eles não têm treinamento para isso, este tipo de consideração é feita por engenheiros...
Para os que quiserem saber mais sobre o Satélite para geração de energia há uma página muito interessante sobre o assunto:
SUNPOWER The Global Solution for the Coming Energy Crisis
Trata-se de um livro escrito pelo engenheiro aerospacial Ralph Nansen, que trabalhou no programa Saturno/Apollo, no programa do ônibus espacial, e liderou a equipe da Boeing que desenvolveu o conceito do satélite gerador de energia sob os auspícios do Departamento de Energia dos Estados Unidos. É um livro que merece ser lido, traça um panorama do uso da energia ao longo da história, as opções energéticas para o futuro, e principalmente analisa a fundo o conceito do satélite gerador de energia, inclusive no que tange aos custos e política envolvidos. Tomei a liberdade de traduzir um pequeno trecho:
"O sol. Fonte de nossa energia desde o início do tempo. Através das eras a luz do sol tem permitido a fotossíntese, liberando oxigênio e provendo alimento para o mundo animal. Ele fornece a luz que faz as árvores crescerem-dando-nos madeira. Seu calor evapora os oceanos para fazer a chuva que forma nossos rios e lagos. Ele causa os ventos que sopram para nos dar aquecimento e conforto. Durante incontáveis milhões de anos o trabalho em conjunto do sol e da terra criaram o carvão, o petróleo, e o gás que hoje estamos queimando tão descuidadamente. É o único reator a fusão nuclear do nosso sistema solar, e nós viramos as costas a ele e nos acotovelamos em nossos laboratórios tentando infrutiferamente duplicar seu magnífico poder."
Ficção científica é um tema apaixonante: ou você ama ou você detesta! Mas em alguns casos os autores beiram a genialidade (ou são mesmo gênios). Pessoas como Arthur Clarke (autor de 2001-Uma Odisséia no Espaço, Canções da Terra Distante, Encontro com Rama, O Martelo de Deus), Frank Herbert (autor da saga "Duna"), Isaac Asimov (autor de Fundação, Eu Robô, 827 Era Galática), e Aldous Huxley (autor de Admirável Mundo Novo) mostraram visões do mundo (ou de mundos) que ora nos entusiasmam ora nos assustam.
Leituras interessantes:
"O Martelo de Deus" de Arthur C. Clarke - Neste livro, passado no século XXIII, um pequeno asteróide está em rota de colisão com a Terra, e algo precisa ser feito para desviá-lo. Este é um tema recorrente na obra de Clarke (Encontro com Rama trata de algo semelhante) e que ganhou maior interesse após as descobertas de que a queda de um meteoro próximo à península de Yucatán no México teria sido a causa principal da extinção dos dinossauros. Um outro aspecto que sempre está presente em todos os outros livros do autor é o grande rigor científico (praticamente todas as suas "previsões" já são realidade ou são teoricamente viáveis) e uma fé quase ingênua de que o binômio ciência/tecnologia conseguirá fazer com que a maioria da humanidade tome consciência dos males que estamos causando ao planeta.
"Fundação" de Isaac Asimov - Os livros mais conhecidos de Asimov são um pouco antigos, e este não é exceção, constituindo uma trilogia de 1949 (...). Asimov imagina a nossa galáxia daqui a milhares de anos, com os seres humanos espalhados por mais de 100 milhões de sistemas planetários (antevendo a possibilidade de viajar a velocidades superiores à da luz - a luz do sol leva 8 minutos para chegar à terra...), e constituindo um império galático que está em fragmentação. Um grupo de cientistas consegue prever através de uma ciência chamada "psicohistória" a queda deste império (que durara 12 mil anos) e que durante 30 mil anos reinará a anarquia na galáxia. Estes cientistas criam então as Fundações: uma dedicada às ciências físicas e naturais estabelecida no extremo da galáxia e outra dedicada às ciências psíquicas e sociais em uma localização misteriosa. Seu objetivo declarado era reduzir os trinta mil anos de anarquia para "apenas" um milênio e então reconstruir um novo império. A trilogia trata de todos os conflitos sociais, psicológicos e políticos decorrentes deste processo, e acentua que mesmo a melhor previsão probabilística está sujeito a um fator imponderável que pode pôr tudo a perder. Isaac Asimov costuma enfocar muito questões psicológicas, estruturas sociais e outros aspectos correlatos, muito mais do que outros autores que preferem concentrar-se nos impactos tecnológicos.
"Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley - Este livro, de 1936, é uma obra-prima, e um assustador painel do que seria o futuro em 2536 (muitas de suas "previsões" já se materializaram...).Os principais avanços foram feitos em biotecnologia e psicologia, partindo do princípio que tal como os automóveis os seres humanos também podem ser feitos em série e condicionados a se comportar de forma adequada. No "Mundo Novo" os seres humanos são divididos em 5 castas, diferentes em porte físico e condicionamento psicológico (choques elétricos na infância,instruções veiculadas durante o sono, etc), não há famílias, e as palavras pai e mãe são desconcertantes e mesmo ofensivas: todos são condicionados a comprar mais, a não se apegar a ninguém, a aceitar as coisas como elas são, tudo isso em um mundo totalmente asséptico. Há porém locais neste "Mundo Novo" em que esta transformação é economicamente inviável, e lá vivem os selvagens, com famílias, filhos, etc. O mote do livro é a vinda de um destes selvagens para o "Mundo Novo" trazido por um desajustado deste mundo. O autor então trata de mostrar os conflitos entre as duas visões. É forçoso notar que muitas das características do "Mundo Novo" já estavam presentes quando do lançamento do livro e apenas intensificaram-se com o passar do tempo. Já temos clonagem de ovelhas, úteros artificiais para cabras, "verdades" neoliberais, "verdades" marxistas, etc.