WADSWORTH, Barry J. Inteligência e afetividade da criança na teoria de Piaget.

(Cap. VI: O desenvolvimento das operações formais)

Maria Bernardete Martins Alves (berna@bu.ufsc.br)  

O quarto estágio denominado período das operações formais que começa por volta dos 12 anos, é caracterizado pela construção de um tipo de raciocínio e pelo predomínio do pensamento lógico que lhes possibilitam a solução de todas as classes de problema. Após alcançar esta estrutura mental, os adolescentes são capazes de usar o raciocínio formal tão bem quanto o adulto, o que não significa que seja tão bom quanto o do adulto. A criança neste estágio, aprende a manipular idéias abstratas, a fazer hipóteses e a perceber o seu próprio pensamento e o pensamento dos outros. Uma característica deste estágio é a busca sistemática de soluções. Diante de um problema o adolescente é capaz de encontrar várias soluções possíveis e selecionar a mais lógica, por exemplo.

Durante o desenvolvimento das operações formais, algumas estruturas são desenvolvidas:

  1. Raciocínio hipotético-dedutivo. É o tipo de raciocínio que permite deduzir conclusões de premissas que são hipóteses ao invés de deduzir de fatos que tenham sido observados pelo sujeito. As pessoas dotadas das operações formais podem raciocinar sobre problemas hipotéticos, totalmente simbólicos, construídos em suas mentes.

  2. Raciocínio Científico-Indutivo – É o raciocínio que vai dos fatos específicos às conclusões gerais. Ele é o principal processo de raciocínio empregado pelos cientistas. Segundo Piaget nesta fase das operações formais, quando confrontadas com problemas, as crianças são capazes de raciocinar como os cientistas. A principal característica deste raciocínio é a capacidade de pensar sobre um certo número de variáveis ao mesmo tempo. Este modo de raciocinar, Piaget denomina de combinatório.

  3. Abstração Reflexiva – É umas das formas pela qual o conhecimento ocorre. O processo do conhecimento pode ocorrer de duas maneiras: o conhecimento físico e o conhecimento lógico-matemático, este é derivado da abstração reflexiva. Portanto, a abstração reflexiva é um pensamento interno ou uma reflexão baseada no conhecimento disponível. No nível operacional formal, a reflexão interna pode resultar de um conhecimento novo, o que não ocorre no nível das operações concretas.

  

CONTEÚDO DO PENSAMENTO FORMAL – Para Piaget, aqueles que estão no estágio das operações formais, são capazes de raciocinar por:

  1. Esquemas proposicionais – Segunda estes, o raciocínio é semelhante à lógica proposicional, empregada pelos logicistas. Tal pensamento é lógico, abstrato e sistemático.

  2. Esquemas operacionais formais - Estes são menos abstratos do que os esquemas proposicionais e são mais semelhantes ao raciocínio científico do que os esquemas proposicionais. Exemplos dos esquemas operacionais formais: Proporção e probabilidade

 

DESENVOLVIMENTO AFETIVO NA ADOLESCÊNCIA

O desenvolvimento cognitivo não é independente do desenvolvimento afetivo. Ambos têm uma matriz comum. Dois fatores caracterizam o desenvolvimento afetivo nesta fase:

  1. Sentimentos idealistas

  2. Formação da personalidade

 

DESENVOLVIMENTO MORAL NA ADOLESCÊNCIA

O desenvolvimento do raciocínio moral que se inicia no nível sensório-motor, alcança o seu mais alto nível quando o desenvolvimento das operações formais e o desenvolvimento afetivo estão consolidados. Neste estágio a compreensão das regras é relativamente sofisticada , são do conhecimento de todos e, contam com o acordo de todos. Reconhecem que as regras são necessárias para a cooperação

Desaparece a crença de que as regras são permanentes e impostas. Há um amadurecimento do conceito infantil sobre a mentira. As intenções são os principais critérios para avaliar uma mentira. Nesta etapa a criança reconhece que não mentir é necessário para a cooperação. Ë neste estágio que o conceito de equidade é agregado ao conceito de justiça.

 

O EGOCENTRISMO NA ADOLESCÊNCIA

Em cada etapa do desenvolvimento, o egocentrismo se manifesta de uma forma particular. O egocentrismo do adolescente consiste na sua incapacidade de distinguir o seu mundo do mundo real. Ele acredita na onipotência do mundo lógico. O adolescente não compreende que o mundo nem sempre é lógico como ele pensa que é. O egocentrismo do adolescente se manifesta através de um comportamento reformador e idealista. O egocentrismo na adolescência diminui quando ele aprende a usar a lógica e reconhece que o real não pode ser julgado por um critério estritamente lógico